terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Prêmio Nobel de Literatura em 1971, sua poesia transpira em sua primeira fase o romantismo extremo de Walt Whitman. Depois vieram a experiência surrealista, influência de André Breton, e uma fase curta bastante hermética. Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários. Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México. Desenvolveu intensa vida pública entre 1921 e 1940, tendo escrito entre outras as seguintes obras: "La canción de la fiesta", "Crepusculario", "Veinte poemas de amor y una canción desesperada", "Tentativa del hombre infinito", "Residencia en la tierra" e "Oda a Stalingrado". Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende. Participa da campanha e, eleito Allende, é nomeado embaixador do Chile na França. Outras obras do autor: "Canto General", "Odas elementales", "La uvas y el viento", "Nuevas odas elementales", "Libro tercero de las odas", "Geografía Infructuosa" e "Memorias (Confieso que he vivido — Memorias)". Morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende.




Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

(Pablo Neruda)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008


"I guess when you're young, you just believe there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life, you realize it only happens a few times..."


Before Sunset

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Receita de ano novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
Cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
Novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
Não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta
Não precisa chorar de arrependimento pelas besteiras consumadas
Nem parvamente acreditar
Que por decreto da esperançaa partir de janeiro as coisas mudem
E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,
Tem de fazê-lo de novo,
Eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
Cochila e espera desde sempre.




Carlos Drummond de Andrade