sábado, 22 de setembro de 2007

Depois de tantas cabeçadas...


... eu consegui uma abertura na casca da árvore. Tá que ela nem tinha flor, mas e daí? Imagina a minha felicidade. Finalmente!

Mas ai começou um cheiro estranho, um cheiro de coisa podre, de coisa imunda, fedida.

Como assim? Não pode ser!

Engano meu, pode ser sim. E é. Fazer o quê. Nem acreditei que quebrei meu nariz e arranhei a minha testa em troca de nada, sem custo-benefício algum.

É bom que eu aprendo a não esperar, mas a agir. Porque se não tudo começa a ficar estragado e eu não quero nada estragado não. Ou então eu aprendo que nada presta mesmo, que é tudo da mundiça. "Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento"

Quanto ao meu rosto... depois de tantas cabeçadas que, no fim, foram inúteis, e só me serviram para alcançar a deformação, vou esperar ele se regenerar. Quem sabe eu encontro outra árvore bem bonita por aí, começo a me iludir, esperando que sua casca seja fina e, só de olhar para ela, ela se rache e me dê uma brecha para poder entrar sabe-se-lá-onde, sem eu nem precisar danificar meu rosto.

Agora eu sei: essa não é minha época. Não mesmo. Uma pena.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Cadê a Avenida dos Ipês Brancos? Eles ainda não apareceram, eles ainda não floriram. O que será de mim sem eles, aqueles que simbolizam minha época, a época da chegada da primavera, a época em que os amores começam? Ficarei sem flor, sem amor(es)... de novo...

As horas estão se tornando amorfas(mais do que já são)... fantasmagóricas...

Estou dando de cara na parede, ou melhor: estou dando de cara nas cascas da árvore cujas flores da cor da neve ainda não surgiram. As cascas não se quebram, só se racham. Eu quero uma brecha, eu preciso de uma brecha. Eu preciso apanhar as flores-ainda-não-florescidas dos galhos da árvore-com-casca-rachada.

Cadê as flores, caramba?

Tá quase no final...

Não deixa isso acontecer...

Me dá uma brecha....

Me deixa entrar?

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Uma outra parte


Quando a gente menos espera, algo surpreendente acontece. E é sempre algo que você pensava "até parece que isso vai acontecer... ainda não aconteceu, então é melhor deixar pra lá", algo que você tentou(por muito tempo) encontrar, mas nunca achou. É exatamente no auge do seu pensamento mais pessimista que o contrário dele acontece(para a sua surpresa). Aí bate aquela felicidade instantânea, que te toma por inteiro e dura dias. No meu caso, começou na sexta à noite e dura até agora. Se fosse qualquer outra coisa já teria passado; talvez só tivesse durado tempo o bastante para ser apagado da minha memória no dia seguinte.

Foi na sexta à noite que sabe-se-lá-o-que tomou conta de mim e me fez ver (quase) tudo de uma forma diferente, de uma forma um pouco mais humana, talvez. Um fim de semana mais que perfeito que, com certeza, eu vou lembrar pro resto da minha vida; que, de alguma forma, vou carregá-lo comigo aonde quer que eu vá.

Com certeza eu encontrei o que procurava: uma outra parte de mim. Uma outra parte que, além de estar (definitivamente) tatuada em mim, está em todo mundo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Can't Stop Feeling


My soul starts spinning again
I can't stop feeling
No, I won't stop feeling
And the fun's not fun anymore
I can't stop feeling
No, I won't stop feeling
And you leave me here on my own
Yeah you leave me here on the floor
You can't feel it
And you can't feel it
You can't feel it
And you can't feel anymore
Soul boy, down and alone
And his soul is broken again
But you can't stop moving
No you won't stop moving along
Aaaaah...My soul starts spinning again
I can't stop feeling
No, I don't stop feeling
And we're not 'us' anymore
I can't stop feeling
No, I won't stop feeling
And you leave me dancing alone
Yeah you leave me to die on the floor
You can't feel it
No you can't feel it
You can't feel it
And you can't feel anymore
Feel anymore, feel anymore
Feel anymore



Franz Ferdinand

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A racionalidade atrapalha aqui


Há vezes em que nós paramos para pensar em algumas coisas que aconteceram no dia e temos vontade de nos estrangular pelas coisas idiotas que fizemos ou pelas coisas idiotas(ou não) que deveríamos ter feito. Foi assim um dia desses. Me odiei depois por ser muito racional(às vezes, até demais!) e não deixar a droga do meu id falar mais alto que meu super ego enquanto escuto uma explicação sobre como-fazer-um-exercício-de-física. Que droga de racionalidade e falta de impulsão!

O verbo-cair-conjugado-no-presente-da-primeira-pessoa-do-singular não sai de mim. Só penso no medo de cair, cair, cair... O excesso de pensamentos do tipo " o que eu faço agora?" ou "será que dá certo?" e movimentos meticulosamente calculados tiram a magia que deveria existir em uma sinapse estabelecida há tempos. Sorte que ela não foi quebrada depois de uma eternidade no mesmo chove-e-não-molha e nem vai ser tão cedo, espero eu. Espero porque quero mais; eu quero aquilo; eu quero cair. Quero cair no verbo-cair-conjugado-no-presente-da-primeira-pessoa-do-singular.


domingo, 2 de setembro de 2007

Amélia não guarda suas coisas só para ela. Ela as projeta em um pedaço de papel.É incrível como seus pensamentos saem de sua cabeça e passam para a folha. A sinapse é curta e a propagação é rápida. É como uma pessoa que fala sem pensar. Amélia escreve sem sentir. Amélia escreve sem sentir que está escrevendo e só se dá conta quando sua mão já está dolorida e seu calo do dedo, latejando. Mas não faz mal, o lápis e o papel são seus únicos confidentes; ela precisa extravasar.Percebe a folha do seu diário molhada "o que está acontecendo?". Passa a mão no rosto "ah, estou chorando; mas por quê?".
Amélia começa a ler o que escreveu e, além do choro des-despercebido, começa a soluçar compulsivamente. Isso tem de parar.
"Mas... por quê?"